Mais conhecida como Estrada do Mar, a Rs-389 é a rodovia que passa por quase todas as praias do litoral norte gaúcho. Em um determinado trecho, algo tão corriqueiro nas grandes cidades chama a atenção do motorista, a desigualdade social. Passando o posto da polícia, em direção á Capão da Canoa uma curva semi-sintuosa divide o condomínio de luxo e a crescente favela. É no mínimo constrangedor para quem vê. Mansões multicoloridas de um lado, contrastando com o cinza dos casebres. Realidades urbanas que são construídas sem interferência. A maioria das ostentosas casas é usada apenas nos meses de verão, enquanto os barracos são utilizados nos 365 dias do ano. Se formos parar para analisar as diferenças, vamos nos deparar não só com uma rodovia dividindo essas realidades, mas sim um abismo. Mesmo com diferenças gritantes, nossos governantes parecem não enxergar tais problemas. Um caos geral!
Ainda refletindo sobre conceitos atuais da vida urbana, certos pontos levantam algumas questões, como: o que queremos de verdade, viver excluídos, dentro de muros cobertos com cerca elétrica? Resgatar a privacidade, tornando-se intocáveis?
Difícil pensar sobre isso, tentando ser imparcial. Afinal de contas, estamos todos no mesmo barco urbano. Diferenciamo-nos por nossos condomínios, sejam eles verticais horizontais, fechados ou semi-abertos. Não confundam os regimes, estamos falando de moradias urbanas.
Os condomínios fechados ganham cada vez mais espaço e adeptos. Grandes construções, casas sem muros ou cercas, ruas largas e limpas, tudo isso delimitado por grandes muralhas que protegem os seus moradores, como se tivesse uma redoma de vidro. Talvez, em busca de uma “aldeia”, de uma “tribo”, de costumes diferentes dos encontrados nas cidades. Se por um lado os muros excluem os que estão de fora à falta desse mesmo muro do lado de dentro da “aldeia”, causa uma exposição maior do que estamos acostumados. Por sua vez, nos apartamentos, basta fechar a porta e já estamos isolados. A porta principal (ou única) é a barreira que separa o nosso reduto familiar dos demais.
Os condomínios, seja ele qual for, são cada vez mais presentes nos meios urbanos. Pessoas se adaptando com essa nova forma de organização. Novas aldeias, com novos devotos que tentam resgatar, ou ainda ter pela primeira vez a sua reserva segura. Como se comportar nessa nova realidade?
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Um comentário:
Como se comportar eu não sei!!!
acho que devemos seguir na trilha,
esses dias conversava aqui com a mãe sobre, como era bom, quando os prédios do Bom Fim , não tinham grades nem portas de ferro. Agora a desigualdade na Estrada do Mar é realmente periclitante, outra coisa que me apavora na tal rodovia é o grande número de acidentes....
Bjo Manu, cada vez melhores os teus textos.
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