quarta-feira, 26 de março de 2008


Qualquer semelhança é pura coincidência. Foi mais ou menos isso que pensei quando comecei a assistir Juno. O roteiro de uma maneira geral é simples: uma adolescente que engravida e decide entregar seu filho a adoção.
Mas, alguns detalhes da personagem (Juno, interpretado por Ellen Page) fazem com que o público se apaixone por ela. O filme mostra situações e tramas interligadas. São boas reflexões da vida. Como, por exemplo, a maneira com que as outras pessoas encaram a gravidez de uma adolescente de 16 anos. Por se tratar de uma jovem, muitas vezes o preconceito é descarado. Ainda, a reação dos pais, a questão do aborto e uma saída para que esse aborto não aconteça, algo parecido com barriga de aluguel. A mãe apenas gera o filho e depois entrega para a adoção.
Alguns detalhes do filme chamam a atenção. A cena que Juno e Mark, o pai adotivo de seu filho, discutem qual rock’n roll é melhor. Em que época foi feito melhor música. Uma discussão sem fim, já que cada um tem a sua opinião. E não tem como julgar se 1991 foi melhor que 1994. Falando em música, não podia passar em branco a trilha sonora, que é repleta de cançõezinhas folk que te pegam de jeito. Tem bandas como Sonic Youth e Belle and Sebastian, coisas antigas, como Buddy Holly e Kinks, algumas covers e uma quase infinidade de boas surpresas.
A interpretação de Ellen Page é muito cativante. Ela consegue envolver a personagem e encanta, confesso que me emocionou. Apesar de que isso não coisa muito difícil de conseguir. Ainda mais que estava me vendo ali. Há dez anos atrás. Grávida na escola, todos me olhando. Ta aí, a arte imitando a vida mais uma vez.

** Recomendo o filme.

terça-feira, 18 de março de 2008

Imagem, imaginação e lembranças (para imaginar!)


A Imagem pode ser o procedimento para tornar presentes os objetos, mas talvez as imagens nunca sejam cópias dos objetos. Compreender, lembrar, inventar é sempre formar primeiramente um esquema e depois descer do esquema à imagem. E assim, podemos criar outra cena com a nossa imaginação.
A utilização da imagem é a tentativa de compreender um conceito. Ao contrário, será muito abstrato e mais difícil de fixá-lo ou de guardar esse pensamento. Sem imagem, temos que utilizar o lado mágico, ou seja, criar nosso filme de aprendizados. Uma vez associado imagem/conceito é muito difícil de mudar.
A lembrança existe através da imagem. Essa imagem relacionada com uma atitude gera a percepção da lembrança. Então, se perceber é lembrar ou a imagem não traz com si a sua origem passada e se dá como presente ou então a percepção se dá necessariamente como imagem vinda do passado. Analisando, podemos entender que o passado está mais no presente ou até que não se consegue distinguir o que é antes ou depois. Pois, para entrar no passado precisamos de uma imagem presente. O corpo age como instrumento de seleção, graças a ele a imagem torna-se percepção. “Uma vez percebidas, as imagens se fixam e se alinham na memória”.
Trabalhar com a imagem é desafiador, lúdico, mágico e de grande responsabilidade. Remexer nas idéias e sentimentos, criar novas possibilidades e conceitos com imagens é muito importante e cada vez mais presente na vida dos indivíduos.
Quando olhamos uma foto ou vídeo recebemos imagens que são revertidas em conceitos, ou não. Com a leitura é diferente, precisamos criar ou passar as palavras para imagens, que podem ser um mosaico ou uma paisagem. “Dêem-me as imagens em geral”, diz Bérgson, “ e meu corpo acabará por desenhar-se no meio delas como uma coisa distinta, já que elas mudam constantemente e ele permanece invariável”.


Fonte de pesquisa: "A imaginação" , jean-Paul Sartre.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Comportamentos Urbanos - parte II (análise reflexiva)


Se adaptar a uma realidade urbana cada vez mais globalizada é a tentativa de compreensão das grandes sociedades. A forma de alimentação, a busca por alimentos saudáveis ou não, está certamente englobada nesse pensamento. Os restaurantes que vendem comidas rápidas, fast food são cada vez mais populares entre os indivíduos. Levantando assim questões relativas ao processo de globalização cultural, tais como a tendência a homogeneização planetária e a conseqüente norte americanização de uma determinada cultura. No filme “Nação Fast food”, a história tem como cenário os Estados Unidos e mostra a realidade de alguns grupos. Entre eles estão os imigrantes Mexicanos que pagam os “coiotes” na tentativa de atravessar a fronteira dos países e entrar nos EUA em busca de uma vida melhor. O foco principal do filme gira em volta de um frigorífico. O estabelecimento fornece os hambúrgueres que são vendidos em uma grande cadeia de fast food. Os imigrantes que conseguem chegar ao país são encaminhados a esse lugar para trabalhar. Visando uma maior produção o trabalho se torna quase que escravo e sem muito controle de qualidade. Chegando ao ponto de ser encontrado, em exames, uma quantidade muito grande de coliformes fecais na carne do sanduíche. Isso mesmo, merda! Mão de obra barata, pessoal mal qualificado, trabalho feito de maneira errada e um produto final sem qualidade. Porém, restaurantes cada vez mais cheios. No filme, o trabalhador que não sabe muito bem executar o trabalho e com a pressão do seu gerente não consegue separar devidamente o estrume dos intestinos e acaba indo tudo para o mesmo lugar: o hambúrguer.
Verdade ou não, o assunto levanta alguns questionamentos. Porque comer uma comida que depois de fria fica horrível? (já experimentaram um lanche do McDonald s frio? Eca!) O preço é compatível com a qualidade? Quem come fast food? Seria essa uma prática urbana? Comida urbana! Não sei, mas uma coisa é certa a publicidade que é feita por essas empresas é muito eficiente. Mesmo com todos esses questionamentos os restaurantes estão cheios e atraem diariamente muitos consumidores.
Lendo um artigo sobre o assunto, me deparei com o sistema usado por esse tipo de empresa. Por ser um franchese sistema pelo qual a marca é cedida por aluguel e não vendida, de modo que o adquirente nunca é de fato o dono do restaurante. As lojas e os funcionários são todos iguais, mais parecem uns robôs. Os diálogos terminam com frases feitas, como se tivessem decorado e fossem obrigados a falar desse jeito. E são! O McDonald’s usa um manual que prescreve os procedimentos em detalhes. É o tal do “padrão”. Uma organização que funciona de maneira lucrativa. Outra coisa, a cozinha é o lugar mais protegido do estabelecimento. Não se pode fotografar e é muito difícil conseguir permissão para vista lá. Porque será? Tudo isso completa uma visão homogênea de um determinado grupo.
Ou seja, é tudo igual. No Brasi, EUA, França ou México. Em qualquer lugar você encontra redes como essas. Uma cultura mundial, conectada, ligadas por uma grande rede.


## “Nação fast food” não é um grande filme. Daqueles que dá gosto de ver, ou ainda vontade de assistir de novo. Mas, levanta questões interessantes sobre comportamentos urbanos. Alimentação, por exemplo, é essencial para a sobrevivência. Existe um documentário que mostra um homem que se alimentou durante 30 dias de McDonald’s e as conseqüências disso. `

## fontes de pesquisa:

Artigo de Fernanda Delvalhas de Moura, “Pesquisando em uma grande metrópole: Fast foods e studios em Paris.

Filme “Nação fast food”.

Observação de consumidores nas lojas da rede McDonald s de Porto Alegre e Florianópolis.