Rock e Cinema Marginal na Usina do Gasômetro
A tarde de domingo foi do Cinema Marginal Brasileiro na Usina do Gasômetro. A sessão foi dedicada ao diretor Andrea Tonacci: o conteúdo vem da excelente Coleção Cinema Marginal Brasileiro, um novo projeto que vai lançar 12 DVDs com obras clássicas e muitos extras desta linguagem cinematográfica. Tonacci já teve seu longa “Serras da Desordem” exibido fora de competição em edições passadas do CEN, além de ter sido parte do júri oficial do festival.
A função começou com os extras: a palestra em vídeo de Ismail Xavier e o trailer de “Bang-Bang”, para depois coroar o público com os clássicos “Olho por Olho” e “Blablablá”. Após os filmes, a Hora Extra do CEN (momento entre as sessões para shows, performances e exposiçõies) contou com a música de Matheus Walter, que encheu de estilo a Usina do Gasômetro.
A palestra em vídeo de Ismael Xavier teve como tema o filme “Bang Bang” . O professor comenta que a obra de Tonacci trabalha a ruptura das convenções com os instrumentos tradicionais de um cineasta, como enquadramento, som e foco. O “dodumentário” é interessante pela tensão que guarda dentro dele: um momento característico é a cena do banheiro, onde o enquadramento mostra o espelho, a máquina, o macaco, mas não mostra a equipe deixando um ponto de interrogação. O trailer exibido só deixou um gostinho de quero mais, saciado com a exibição do curta “Blablablá” e de “Olho por Olho”, ambos com a direção de Andrea Tonacci.
Um programa de televisão e um governante dando explicações sobre o seu governo, mesclado com cenas de revolução e tudo que engloba o tema guerra e paz, é o que mostra o cultuado curta de Tonacci. O protagonista transforma as palavras em emoção, suor, tensão e exaltação. Passa um ar de vencedor para vencido. Tudo controlado pelo relógio, em uma luta vã para usar a mídia como substituta da realidade política de um país. Já “Olho por Olho” retrata o vazio que invade a vida de um grupo de amigos. A trama acontece quase toda dentro de um carro, com o rádio ligado, rodando por São Paulo à procura de algo para fazer. A relação com filmes como “Acossado” e “Os Cafajestes”, de Ruy Guerra (também já homenageado no CEN), contemporâneos da produção de Tonacci, é explícita. O carro anda para lugar nenhum. Uma amiga entra em cena e é ela quem busca alguma coisa. Ela atrai um homem, que serve de válvula de escape para os anseios dos jovens em fazer alguma coisa. Um filme altamente contemporâneo, urbano e ainda relevante, que termina com uma câmera reticente à procura de algo.
Depois da sessão, o público pôde conferir o show de Matheus Walter. A sonoridade meio retro de Walter, autor de diversas trilhas do CEN,deu o tom do final de tarde. O músico também está participando do festival como cineasta, com o filme “Tri Massa – Porto Alegre na Choque”.
O estudante de publicidade Eduardo Stelmack disse que o show “foi bacana, porque tem a ver com o ar alternativo do festival”. Sobre os filmes, ele comentou sobre o estranho prazer do ócio exibido por “Olho no Olho”.
A semana promete com a programação do festival. Só não esqueça de desligar o celular durante a sessão!
Manoela Rysdyk
**texto publicado no site do CEN
A tarde de domingo foi do Cinema Marginal Brasileiro na Usina do Gasômetro. A sessão foi dedicada ao diretor Andrea Tonacci: o conteúdo vem da excelente Coleção Cinema Marginal Brasileiro, um novo projeto que vai lançar 12 DVDs com obras clássicas e muitos extras desta linguagem cinematográfica. Tonacci já teve seu longa “Serras da Desordem” exibido fora de competição em edições passadas do CEN, além de ter sido parte do júri oficial do festival.
A função começou com os extras: a palestra em vídeo de Ismail Xavier e o trailer de “Bang-Bang”, para depois coroar o público com os clássicos “Olho por Olho” e “Blablablá”. Após os filmes, a Hora Extra do CEN (momento entre as sessões para shows, performances e exposiçõies) contou com a música de Matheus Walter, que encheu de estilo a Usina do Gasômetro.
A palestra em vídeo de Ismael Xavier teve como tema o filme “Bang Bang” . O professor comenta que a obra de Tonacci trabalha a ruptura das convenções com os instrumentos tradicionais de um cineasta, como enquadramento, som e foco. O “dodumentário” é interessante pela tensão que guarda dentro dele: um momento característico é a cena do banheiro, onde o enquadramento mostra o espelho, a máquina, o macaco, mas não mostra a equipe deixando um ponto de interrogação. O trailer exibido só deixou um gostinho de quero mais, saciado com a exibição do curta “Blablablá” e de “Olho por Olho”, ambos com a direção de Andrea Tonacci.
Um programa de televisão e um governante dando explicações sobre o seu governo, mesclado com cenas de revolução e tudo que engloba o tema guerra e paz, é o que mostra o cultuado curta de Tonacci. O protagonista transforma as palavras em emoção, suor, tensão e exaltação. Passa um ar de vencedor para vencido. Tudo controlado pelo relógio, em uma luta vã para usar a mídia como substituta da realidade política de um país. Já “Olho por Olho” retrata o vazio que invade a vida de um grupo de amigos. A trama acontece quase toda dentro de um carro, com o rádio ligado, rodando por São Paulo à procura de algo para fazer. A relação com filmes como “Acossado” e “Os Cafajestes”, de Ruy Guerra (também já homenageado no CEN), contemporâneos da produção de Tonacci, é explícita. O carro anda para lugar nenhum. Uma amiga entra em cena e é ela quem busca alguma coisa. Ela atrai um homem, que serve de válvula de escape para os anseios dos jovens em fazer alguma coisa. Um filme altamente contemporâneo, urbano e ainda relevante, que termina com uma câmera reticente à procura de algo.
Depois da sessão, o público pôde conferir o show de Matheus Walter. A sonoridade meio retro de Walter, autor de diversas trilhas do CEN,deu o tom do final de tarde. O músico também está participando do festival como cineasta, com o filme “Tri Massa – Porto Alegre na Choque”.
O estudante de publicidade Eduardo Stelmack disse que o show “foi bacana, porque tem a ver com o ar alternativo do festival”. Sobre os filmes, ele comentou sobre o estranho prazer do ócio exibido por “Olho no Olho”.
A semana promete com a programação do festival. Só não esqueça de desligar o celular durante a sessão!
Manoela Rysdyk
**texto publicado no site do CEN
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