sábado, 24 de outubro de 2009

Zona Livre e Hora Extra

A mostra Cine en Construcion, de quinta-feira (22), no Santander Cultural, exibiu La sombra del Caminante de Ciro Guerra. Logo depois foi a vez do longa Praia do Futuro, uma produção coletiva.

La Sombra Del Caminante mostra a história de dois homens marcados pelo passado. Um deles é Mañe, que mora em um quarto de pensão dem Bogotá. Sem dinheiro, desemprego, aleijado e com traumas ele tenta arrumar um trabalho. Nas idas e vindas ao centro da cidade, ao ser atacado por um grupo de meninos, ele recebe ajuda. Quando acorda está em um barraco. Quem o ajudou foi um homem que também tem a vida marcada por traumas. O homem carrega gente em uma cadeira adaptada nas suas costas por uma bagatela de 500 pesos. Os dois começam uma amizade rodeada de desconfiança. Um ajuda o outro. Mas, o mistério e as memórias do passado são mais fortes. No primeiro momento, o passado sofrido os une. No decorrer da trama, conforme vão se conhecendo, suas vidas se entrelaçam. O homem desconhecido que ajudou Mañe, na realidade, não era um total estranho.

Para a estudante Maria Laura, o filme passou o sentimento de muita gente que vive nas marge
ns da sociedade. “Escuro e trágico, muito bom”, completou a estudante.

O cenário é o mesmo, a Praia do Futuro, mas a visão é diferente. Vários diretores, sentimentos, lembranças de uma parte muito conhecida de Fortaleza. No total são 15 episódios que formam o filme. Em um bate-papo depois da exibição, os diretores Guto Parente e Fred Bevides apontaram alguns fatores da produção.

A ideia é de grupo multifacetado e por isso a percepção de unidade já nasce impossibilitada. “O filme sempre foi pensado no plural e errôneo. Foi um aprender a tolerar e aprender com as diferenças”, ressalta Fred Bevides. A produção interfere na cidade projetada e a urbanização faz parte disso. “Lá, ou você é muito rico ou muito pobre”, completa.

Guto Parente dirigiu e atuou no primeiro episódio, o qual retrata a ida de uma família à praia. A filha do casal brinca no banco de trás do carro até chegarem ao local. A expectativa é grande, ela quer muito chegar à Praia do Futuro. Enfim, quando lá chega, ela corre para brincar em uma piscina de um quiosque que fica na praia. O diretor fala que cresceu indo à praia com seu pai e que hoje o local é diferente: “existem essas barracas com piscina, para os pais é muito cômodo e para a menina ir à praia, é ir para piscina”. Guto afirmou que vários episódios têm uma questão de incômodo, que podem estar nas entrelinhas. “Essa é uma forma da praia que me incomoda, por exemplo”.

A mostra de longas metragens do festival tem seu último filme apresentado hoje, com reprise amanhã. O encerramento do CEN ocorre na Usina do Gasômetro, às 22 horas.

** Texto publicado nos sites: Universo IPA e CinEsquemaNovo

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